sábado, 21 de abril de 2018

Papa Francisco aos beneditinos




Papa Francisco aos beneditinos: "Encontrar Cristo no monge"

O Abade Primaz da Abadia de Santo Anselmo , Gregory Polan, O.S.B., anunciou nesta semana as comemorações do Jubileu do 125° aniversário da Confederação Beneditina e da fundação da Abadia Primaz de Santo Anselmo em Roma.

As comemorações iniciaram na manhã desta quinta-feira, 19 de abril, com uma audiência com o Santo Padre o Papa Francisco, na Sala Clementina, no Vaticano. No encontro participaram o Abade primaz, os abades e abadessas representantes das confederações, os residentes e os colaboradores do colégio e do Ateneu Santo Anselmo e os representantes dos diversos ramos e instituições internacionais internas da mesma Confederação Beneditina.

Dom Gregório de Oliveira, que é monge do mosteiro beneditino em São Paulo e residente no Santo Anselmo em Roma, falou sobre a audiência concedida pelo Papa Francisco, destacando também os principais pontos observados pelo Papa:

A confederação conta hoje com mais ou menos 7000 monges beneditinos e 12000 monjas e irmãs beneditinas espalhados pelos 5 continentes. Além dos mais de 180.000 estudantes espalhados em nossas escolas e universidades por todo o mundo.

Nesta manhã em Roma, bela e ensolarada, estivemos em audiência com o Santo Padre, onde o Abade Primaz, Gregory Polan, O.S.B, fez a explanação ao Santo Padre sobre todos os trabalhos, o carisma beneditino e os nossos desafios no século XXI.

O Santo Padre nos encorajou a sermos fiéis ao zelo pela Sagrada Liturgia, a lectio divina que é a escuta da Palavra de Deus que alimenta o nosso espírito para que possamos alimentar o mundo. O Papa nos chamou a atenção quanto à hospitalidade com os que procuram os nossos mosteiros, pois eles querem encontrar Cristo no monge e o monge deve encontrar Cristo neles, e por fim lembrou o grande carisma do discernimento, sabendo discernir o que vem de Deus, o que vem do mundo e o que vem do Demônio, para que possamos ser fiéis ao chamado de Deus em nossas vidas.


Em sua mensagem aos beneditinos presentes na Sala Clementina, o Papa Francisco destacou alguns pontos essenciais da vida monástica, especialmente aquelas aprendidas com São Bento e vividas ainda hoje como regra dentro e fora dos mosteiros:

ESPIRITUALIDADE

“A espiritualidade beneditina é renomada pelo seu moto: Ora et labora et lege. Oração, trabalho e estudo. Na vida contemplativa, Deus constantemente anuncia a sua presença de maneira inesperada. Com a meditação da Palavra de Deus na lectio divina, somos chamados a permanecer em uma escuta religiosa da sua voz para viver em constante e alegre obediência. A oração gera no nosso coração, dispostos a receber os dons surpreendentes que Deus está sempre pronto a nos dar, um espirito de renovado fervor que nos leva, através do nosso trabalho cotidiano, a buscar a divisão dos dons da sabedoria de Deus com os outros: com a comunidade, com aqueles que vêm ao mosteiro para a busca de Deus (“quaerere Deum”), e com quantos que estudam nas vossas escolas, colégios e universidades. Assim se gera uma sempre renovada e revigorada vida espiritual.”

LITURGIA

“O vosso amor pela liturgia, como obra fundamental de Deus na vida monástica, é essencial acima de tudo para vós, permitindo-vos estar na presença viva do Senhor; e é preciosa para toda a Igreja, que ao longo dos séculos se beneficiou como fonte de água que irriga e fecunda, alimentando a capacidade de viver, pessoalmente e em comunidade, o encontro com o Senhor ressuscitado.”

ACOLHIDA

“Nesta época, quando as pessoas estão tão ocupadas que não têm tempo suficiente para ouvir a voz de Deus, seus mosteiros e conventos se tornam como oásis, onde homens e mulheres de todas as idades, origens, culturas e religiões podem descobrir a beleza do silêncio e redescobrir a si mesmo, em harmonia com a criação, permitindo a Deus restaurar uma ordem adequada em suas vidas. O carisma beneditino da acolhida é muito precioso para a nova evangelização, porque lhe dá a oportunidade de acolher a Cristo em todas as pessoas que chegam, ajudando aqueles que buscam a Deus a receber os dons espirituais que ele reserva para cada um de nós.”

ECUMENISMO

“Os beneditinos sempre reconheceram o compromisso com o ecumenismo e o diálogo inter-religioso. Encorajo-vos a continuar neste importante trabalho para a Igreja e para o mundo, colocando a sua tradicional hospitalidade a seu serviço. De fato, não há oposição entre a vida contemplativa e o serviço aos outros. Os mosteiros beneditinos - tanto nas cidades como longe delas - são locais de oração e hospitalidade. Sua estabilidade também é importante para as pessoas que vêm procurá-lo. Cristo está presente neste encontro: ele está presente no monge, no peregrino, no necessitado.”

EDUCAÇÃO

“Sou grato pelo seu serviço na educação e treinamento, aqui em Roma e em outras partes do mundo. Os beneditinos são conhecidos por serem "uma escola de serviço do Senhor". Exorto-vos a dar aos alunos, juntamente com os conhecimentos e conhecimentos necessários, as ferramentas para que possam crescer na sabedoria que os leva a buscar continuamente a Deus em suas vidas; essa mesma sabedoria que os levará a praticar a compreensão mútua, porque somos todos filhos de Deus, irmãos e irmãs, neste mundo que tem muita sede de paz.”

Dando seguimento as comemorações, houve uma conferência do Padre Jeremy Driscoll, O.S.B., abade de Mount Angels no Oregon (Estados Unidos), com o tema “Teologia monástica ou sapiencial: estratégia de ensino e de aprendizado”. E para a conclusão do Jubileu de 125° da Confederação Beneditina, no dia 21 de abril será celebrada uma missa solene  presidida pelo Secretário de Estado, Sua Eminência o Cardeal Pietro Parolin.


No dia 18 de abril de 1893 foi colocada solenemente a primeira pedra do edifício atual de Santo Anselmo, na colina do Aventino, em Roma. Em 12 de julho do mesmo ano, o Papa Leão XIII instituiu oficialmente, com o breve “Summum Semper”, a Confederação Beneditina, unindo assim os diversos mosteiros beneditinos e oferecendo ao mesmo tempo um lugar onde a Ordem beneditina teria doado “de novo a Igreja aqueles grandes monges santos que difundiram no mundo o ensinamento e a cultura cristã” (Leão XIII).


 Fonte: Vatican News